Diz-me que clube és
Tragam o champanhe: vamos receber de novo a final da Champions! E desta vez será, espero, mais um prémio para todos nós profissionais de saúde, mesmo que continuemos sem saber bem o que recebemos com tal prémio excepto mais trabalho.
O mesmo país que organiza a final da Champions League (entre duas equipas inglesas e pelo segundo ano consecutivo) com a presença de público é o mesmo país que proíbe a presença de público nos estádios portugueses e que até à próxima temporada assim o manterá. O país que se preocupa tanto com a pandemia e a sua evolução e, por isso, impede clubes e adeptos de se voltarem a reunir dentro dos limites do aceitável e seguro, é o mesmo país que, dias depois da decisão de acolher a final da Champions, volta a poder receber turistas ingleses, tão importantes, como sabemos, pela histórica amizad€ que nos une.
Diz o Secretário de Estado do Desporto João Rebelo, em relação à Champions, que é preciso respeitar as condicionantes económicas e sociais da final da competição europeia bem como o facto de ser organizada pela UEFA. Sem dúvida. Eu diria que igualmente importante seria respeitar os portugueses, adeptos e profissionais de todos os desportos, os profissionais de saúde, o vírus e as avultadas consequências económicas e sociais que a pandemia trouxe, na sociedade em geral, mas especificamente a muitas e muitas organizações desportivas e culturais.
É uma vergonha monumental toda esta situação. É de uma pequenez e de uma vassalagem revoltante e quase criminosa.
Penso que não seja dificil assumir que caso o Marítimo se chamasse Maritime Club ou o Belenenses passasse a Bethlehem United que, quiçá, até daria para termos público. Ou caso a final da Taça de Portugal fosse jogada por dois clubes tudo menos portugueses. Chamemo-la, como truque, de Portugal Cup ou algo assim mais para o chique.
Contudo, menos difícil ainda é assumir que isto é e continuará a ser um país pequeno em tamanho e que teima em ser pequeno de vistas, ideias e comportamentos.
Portugal não pode nem deve ser o lago de diversões de um país chamado Inglaterra e de nenhum outro. O meu e o nosso país não pode ser o recreio de centenas e centenas de adeptos estrangeiros quando os nossos próprios adeptos nem sequer podem ver a equipa cujas quotas mensais pagam.
Todos sabemos da importância que o dinheiro tem para o reatar de uma Economia bastante fragilizada. Todos sabemos que o dinheiro que os ingleses trazem pesa mais que o nosso. Mas queria muito acreditar que, antes do dinheiro, ainda vem o respeito e o bom senso.
PS - Hoje o meu irmão emprestado faz anos. Não há muita coisa na vida que valha mais do que um bom amigo, um amigo de sempre, dos dias bons e maus. Este é o caso, um amigo de ouro, uma pessoa única, um homem excepcional, um benfiquista nato. Para além disto, é também o mais fiel leitor deste espaço a que chamo blog. Por tudo isto, por tudo o que és, por tudo o que já passámos e iremos passar, eu te agradeço, André. És o melhor de todos. Muitos parabéns meu irmão.