Debates políticos ou futebol?
Tenho tentado acompanhar com alguma regularidade os debates televisivos dos diferentes candidatos às próximas eleições legislativas. É um momento importante no debate político e tem atraído muitos comentários. Acima de tudo isso: comentadores a fazer comentários.
Não há como fugir a este paradigma em que temos os líderes dos partidos que se candidatam a eleições legislativas no nosso país falar durante meia hora e depois ter comentadores comentar durante três horas.
Parece um bocado o futebol, não é? Só um bocado?
Os debates deviam ser bem mais longos, cada jogo do Benfica são 90 minutos. E o Benfica é só um clube, entre outros ditos grandes. Todos jogam uma vez todas as semanas. E eu não sou minimamente contra isso, sou acérrimo defensor dessa hora e meia e dessa prática desportiva, mas creio que podíamos ter mais alguns minutos de televisão disponíveis para ouvir os candidatos a governar tudo isto das nossas vidas, aqueles que irão definir a visão e a intervenção política e social deste país que chamamos Portugal.
A política parece-se ao futebol.
Estamos habituados a este modo de estar e viver o país. É deste mundo que nasceu precisamente um dos líderes partidários com maior relevo: André Ventura. Tudo isto não pode ser só coincidência.
Os debates deviam ser mais longos e os comentadores dos debates podiam ser menos e durante menor tempo. É essa a sensação que tenho, mas eu cá não percebo nada disto.
Entretanto, e a bem da democracia, tivemos um pouco de mais tempo para André Ventura e Luís Montenegro, ambos tiveram vinte minutos de falatório. E isso é bom porque, no total, isso quase que dá um jogo do Benfica.