Entre o debate e o deboche
Na noite de domingo, Portugal escolheu Bruno de Carvalho e Jardel em detrimento de António Costa, Catarina Martins e André Ventura.
Novo ano, tudo igual, como nós bem sabemos que acontece.
Há muito tempo que Portugal pôs a política em segundo plano e, portanto, isso não pode surpreender ninguém.
A política é - mais do que tudo - tremendamente aborrecida.
É certo e sabido que juntar Bruno de Carvalho e Cristina Ferreira tem ingredientes para ter muito mais piada que discutir se acabamos ou não com o RSI ou se a corrupção é ou não assunto importante.
O que queremos, no final de um domingo, com a segunda-feira já à espreita, é animação, ligeireza. Mas não deixa de ser significativa a diferença nas audiências de ambos os programas - 2 milhões para 200-600 mil.
O próprio formato dos debates é totalmente questionável. Temos 25 minutos de debate entre líderes políticos seguidos de quatro horas de comentários de especialistas e comentadores de comentadores. Isso não é respeitar nem a democracia nem os eleitores nem os líderes políticos. Isso não é nada mais que barulho desnecessário.
Quem mais isto devia preocupar, os políticos, parecem ser os menos interessados em falar sobre a abstenção e esta crescente descredibilização e desinteresse do sistema política. É um problema que afecta as gerações mais novas, embora não sejam essas também as que mais preocupações mostram com o rumo político do país.
Os jovens, na sua maioria, continua a preferir ver um BBFamosos a um debate entre políticos. Quiçá têm razão, quem sou eu para dizer que não?
O país merece mais e a nossa democracia também. Não estamos a fazer tudo pela sua evolução e maturidade.
Estamos a tratá-la mal e isso pode pagar-se caro.