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Vilipêndio

Vilipêndio

11 de Novembro, 2020

E quando for um Trump... menos Trump?

Steve Brenson/Republic

"History doesn't repeat itself, but it does rhyme". Mark Twain

70 milhões de americanos votaram num presidente que aconselhou a injecção de lixívia para combater o coronavirus.

70 milhões de americanos votaram num presidente incapaz de criticar grupos de extrema-direita e que, inclusive, lhes dá apoio e voz.

70 milhões de americanos votaram num presidente que recusa peremptoriamente a ciência e os cientistas.

70 milhões de americanos votaram num presidente que fez política pelo Twitter, abraçou ditadores e ignorou aliados de longa data.

70 milhões de americanos votaram num idiota sem estratégia politica que não o racismo, a divisão e o enriquecimento próprio. 

70 milhões de americanos votaram no homem que lhes dava voz aos sentimentos mais recônditos, aos seus mais deploráveis desejos e medos. 

70 milhões de americanos não se importam com o racismo, o machismo, o ataque à instituição democrática, o atentado a liberdades, valores e direitos humanos porque, está à vista, são os primeiros a ajudá-lo a descredibilizar o próprio processo democrático eleitoral.

Trump é um idiota mas comprou a cabeça de boa parte do seu país. Teve um sucesso gigante na silenciosa implementação de um culto de personalidade de uma força que provavelmente nunca tinha sido vista nos Estados Unidos.

É grave, muito grave.

Mas o próximo autocrata populista não será um idiota. O próximo, os próximos, serão melhores. Fingirão melhor. Farão tudo melhor que Trump.

O que nos espera são anos de lutas que pensámos estarem resolvidas, batalhas que julgávamos vencidas.

Há uma voz, uma frustração, um ódio e um medo que estava silenciado, alimentado em privado e em pequenos grupos. A internet e as redes sociais alteraram isso. Essa voz é cada vez mais altiva, mais premente. Ganhou força. 

Estejamos atentos.