Muito se tem falado, e bombardeado, nos últimos dias devido ao armamento químico, suposto até ver mas mais que provável, do regime sírio e o seu uso contra alvos civis. Mais uma mancha na triste história de um conflito num país que encerra em si as querelas entre muitos outros países, enredos com várias décadas de alinhamento, estratégias para todos os gostos. A condenação desse acto, o último acto de cobardia de Bashal Al-Assad foi, tal como expectável, generalizada e foi seguida por uma série de ataques cirúrgicos, em que o cirurgião é um caça de 30 toneladas e o bisturi corta na específica forma de uma bomba.
Não se vislumbra grande sentido em bombardear um país que, nos tempos que correm, poucos edíficios deve ter que se aguentem erguidos perante o destino, o terrível destino que se lhes é apresentado. Mas pelo que se ouve da opinião pública, o uso de armas químicas ultrapassa, de facto, a linha e não deve ser só recriminado como também directamente atacado. Faz lembrar as Armas de Destruição Maciça, assim mesmo, em maiúsculas. Parece que há guerras que ultrapassam o limite e armas que já são armas demais. As químicas apesar de fazerem o que as outras sempre fizeram usam um método quiçá mais assustador, mais científico. E por isso são de repúdio total. As outras que matam de uma forma mais rústica, sem coisas que assustem, mas que consigam tirar de igual forma a vida de uma criança, são diferentes. Em quê? Não sei. Mas o que nos dizem é para escolhermos as guerras com cabeça, para usarmos armas que matem de forma mais silenciosa, usando múltiplos adornos, floreados vários, esconderijos óbvios. Há varios jeitos de matar, várias intensidades de se tirar o respirar e o viver a alguém.
É díficil que se ganhe uma guerra, e salvar a população que lhe sobrevive, quando antes da existência real ou não de armas químicas, a certeza que existe é que não houve nem haverá qualquer noção da realidade, qualquer toque com a realidade. Fala-se de gente como de pedras da calçada. E esta outra gente, os Trumps e as suas intermináveis demonstrações de inutilidade, esses habitantes de outro planeta mas que mandam no rodar deste, esta gente que carrega nestes botões que separam a vida da morte, vive numa dimensão que, de tão grande que é, se torna minúscula.