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Vilipêndio

Vilipêndio

18 de Julho, 2016

A vida é para os Durões

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A Europa não precisa nem anseia, neste seu estranho tempo, de mais problemas por resolver, de mais machadadas na sua credibilidade e na confiança dos parceiros, de mais falta de transparência no meio de tanta falta de transparência.

 

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E eis que surge Durão Barroso.

Numa só e belíssima investida, ele surge como um enorme espelho por cima de Bruxelas, para que possam ver-se no seu todo. No seu absurdo todo. Sobre o futuro deste Durão não sabiamos muito, não tem uma ideologia que se veja e um objectivo real nos cargos que ocupa. Sabíamos, apenas, que este ou qualquer outro caminho que escolhesse teria que ser o mais proveitoso para si - não para uma causa que, durante toda a carreira, aparentemente defendia.

O serviço público é sempre que um homem quer, ensina-nos o Durão.

As critícas francesas e de outras frentes europeias são, na sua maioria, hipócritas e ressabiadas. Mas são todas certeiras, ainda assim. Durão perdeu a credibilidade política, a legitimidade como dirigente europeu, deitou, no fundo, a sua carreira para o lixo. O que nos torna a situação mais suportável é saber que Durão sabe isto, vai viver com isso e que deve haver noites em que lavar o traseiro com notas de vinte não compensa o eterno rídiculo que causou a si mesmo.

Já se tornou aborrecido este jogo de serem, realmente, todos iguais.

 

 

09 de Julho, 2016

Já quase tocas no Olimpo, Cristiano.

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A selecção portuguesa está na final de um Europeu doze anos depois. Apesar de uma não mais que razoável fase de grupos e de envergarmos o equipamento com a coloração mais dúbia da história do torneio, fomos fazendo fé à fama de heróis e lá nos fomos aproximando da final, jogo a jogo, ao sabor de um tão português empate. Sem sabermos muito bem no que acreditar, fomos ultrapassando barreiras. Agora são só mais 90 minutos e já poderemos todos voltar a ver as imagens do jogo com a Grécia em 2004 sem ter náuseas.

Esta será a final do Ronaldo, é fácil de ver. Toda a sua carreira parece que aponta para o jogo de hoje. Ele já fez quase tudo, passou de um dos melhores extremos de sempre para o melhor goleador de sempre, quebrou todo e qualquer recorde, é o melhor jogador da história do maior clube de futebol e agora sabemos, nós e ele, que tem de levantar o caneco com as quinas no peito para entrar no olimpo das lendas. Cristiano Ronaldo é um atleta como poucos, orienta-se por objectivos que deixa poucas vezes escapar. Desde cedo, soube encarar a pressão que carregava nos ombros, adaptar-se a novas realidades e focar-se apenas e só numa coisa: tornar-se um dos maiores atletas do desporto mundial.

Mesmo que não triunfe em Paris, já o conseguiu.

Apesar da existência do Tempo Extra na SIC Notícias o futebol traz coisas bastante positivas. Une multidões numa loucura que, sabendo-se manter sã, é revitalizante. Esquecendo o facto de serem 22 indíviduos dolorosamente ricos que correm atrás de uma bola, e que são utilizados como marionetas por agentes quase-secretos, aqueles rapazes levam um escudo no peito. Resta-nos estar lá com eles. 

 

06 de Julho, 2016

Sandes mistas de areia

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Vou para a praia para me sentir bem. Não peço praias virgens nem sequer grandes vistas ou mares quentes naquele tom de azul de filme. Apenas peço para me sentir bem. 

Acontece que fui à praia há uns dias e, munido da minha namorada, o que acabámos por ter foi um festival de pancadaria. Não falo de pancadaria entre veraneantes ou entre miúdos cujas férias da escola são grandes ao ponto de quase viverem na praia. Não. Falo de pancadaria de vento.

Já deu para perceber, desde há uns tempos para cá, que esse é o melhor amigo que o nosso verão arranjou. Parecem inseparáveis e quando vem um nunca fica o outro para trás. A meu ver, podiam deixar-se disso. 

Ao longo de toda uma bela hora de praia, tive o previlégio de comer, respirar, sugar, armazenar e absorver pelos olhos uma quantidade astronómica de areia. Era nos ouvidos, no cabelo, nos óculos, no livro e, pior que tudo, nas sandes. Conseguimos ainda assim, e apesar deste mano-a-mano com a natureza, ler durante uns três minutos e falar normalmente um com o outro durante bons cinco minutos.

No resto do tempo, foi o mais puro contrário de me sentir bem.