A vida é para os Durões
A Europa não precisa nem anseia, neste seu estranho tempo, de mais problemas por resolver, de mais machadadas na sua credibilidade e na confiança dos parceiros, de mais falta de transparência no meio de tanta falta de transparência.
E eis que surge Durão Barroso.
Numa só e belíssima investida, ele surge como um enorme espelho por cima de Bruxelas, para que possam ver-se no seu todo. No seu absurdo todo. Sobre o futuro deste Durão não sabiamos muito, não tem uma ideologia que se veja e um objectivo real nos cargos que ocupa. Sabíamos, apenas, que este ou qualquer outro caminho que escolhesse teria que ser o mais proveitoso para si - não para uma causa que, durante toda a carreira, aparentemente defendia.
O serviço público é sempre que um homem quer, ensina-nos o Durão.
As critícas francesas e de outras frentes europeias são, na sua maioria, hipócritas e ressabiadas. Mas são todas certeiras, ainda assim. Durão perdeu a credibilidade política, a legitimidade como dirigente europeu, deitou, no fundo, a sua carreira para o lixo. O que nos torna a situação mais suportável é saber que Durão sabe isto, vai viver com isso e que deve haver noites em que lavar o traseiro com notas de vinte não compensa o eterno rídiculo que causou a si mesmo.
Já se tornou aborrecido este jogo de serem, realmente, todos iguais.